Uma das maneiras que usamos para fugir de nosso mundinho mundano é mídia: livros, filmes ou jogos. É lá que podemos participar de grandes aventuras ou acompanhar personagens que gostamos. Mas há uma separação entre nossos mundos, o real e fictício.
Porém muitas formas de entretenimento tentam aumentar nossa conexão com o mundo fictício, baseando aspectos da ficção em fatos científicos ou históricos.
Sobre os fatos científicos, a série de jogos Monster Hunter é um bom exemplo, pois as criaturas, que são basicamente 90% do jogo, são as mais reais que, pessoalmente, já presenciei.
Todos os monstros têm suas raízes em animais reais, seja em suas relações de simbiose na natureza, tal como Brachdios e Zinogre ou predação, Deviljho e o resto do mundo.
E tem aspectos baseados em outros animais, sejam físicos, como a aparência de Kezhu com uma sanguessuga, ou Rajang com seu corpo de gorila. E ainda sua reprodução, como o dragão Nergigante ser assexuado e se reproduzir por esporos.
Outro detalhe bacana é a forma que o jogo explica os “poderes” dos monstros. Basicamente a regra é: se laça algo, ele tem um saco em algum lugar.
Permita-me explicar: da mesma forma que um animal peçonhento tem uma reserva onde guarda o seu veneno, Anjanath, um tiranossauro que cospe fogo, e Legiana, um pássaro que lança gelo, possuem reservas dentro de si que reagem com o ar, causando fogo e gelo, respectivamente.
Mas, sobre relações animais, o jogo também possui monstros que agem em bando. Em particular Grande Jagras e Jiro, ambos andam em bandos em que o alpha é o maior e comanda o resto.
Sobre os dragões, o jogo tenta ainda explicar seus poderes, mas tem um certo limite, pois acho bem difícil explicar um dragão de aço que controla o vento real.
Detalhes gerais: todos os monstros seguem um ciclo de vida, seja por parasitismo, como Kezhu.
Cada detalhe desses isoladamente não faz muita diferença. Mas é a forma que esses detalhes interagem e o fato que no jogo o gamer é basicamente um biólogo, a parte mais divertida, somado ao fato de caçar monstros e explorar o mundo, a forma que o ecossistema funciona e os animais que nele habitam.
Para se perder em um mundo fictício é difícil, pois há certa dissonância entre os mundos. Mas quando os mundos se parecem e funcionam da mesma maneira, podemos nos perder na fantasia, seja de caçar monstros ou qualquer outra.