“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”, (Mateus 6:12).
Vivemos uma crise em todos os sentidos. Para a psicologia, crise é toda situação de mudança a nível biológico, psicológico ou social, que exige esforço extra para manter o equilíbrio. Por isso ela pode ocorrer em qualquer área da vida.
E quando não empregamos o necessário esforço extra para resolver nossas questões, desequilibramos a nossa balança emocional e não ficamos bem.
Dentre todas as crises, a do perdão é a que mais prejudica nosso equilíbrio. A falta de perdão nos deixa presos a mágoas passadas. E muitas vezes nem percebemos.
Algo que fizemos (ou dissemos) a alguém ou que alguém nos fez (ou disse) pode acabar tomando proporções descontroladas, simplesmente por falta de perdão.
O versículo bíblico que abre este texto é claro quando mostra que o perdão precisa, necessariamente, ser uma via de mão dupla: para ser merecedor de perdão, também é preciso perdoar.
O perdão não é um bem que fazemos ao outro; é uma prova de amor que damos a nós mesmos.
Quando perdoamos, saramos nossas próprias feridas e somos libertos daquilo que nos aprisionava.
Só quem perdoa verdadeiramente as ofensas recebidas sabe a incrível sensação do pós-perdão. É libertadora.
Perdão não é sobre um mero pedido de desculpas depois de um esbarrão ou um pisão no pé.
É sobre mágoas profundas, causadas, quase sempre, pelas pessoas que mais amamos e que estão mais próximas.
Quer um exemplo? Todos temos lembranças de um ou mais momentos em que um comentário ou uma atitude do pai, da mãe, dos irmãos ou de alguém eu amamos nos magoou profundamente.
Geralmente, colocamos camadas e camadas de esquecimento sobre essas lembranças.
Mesmo assim, a memória daquele momento que nos causou dor é liberada quando provocada por alguns gatilhos.
E percebemos que aquela memória, mesmo que seja apenas um caco, ainda nos corta.
Isso só acontece por falta de perdão. Porque resolvemos esquecer, ao invés de perdoar.
Não esquecemos mágoas. Não esquecemos ofensas. Não esquecemos dores.
Sem perdão, elas continuarão no nosso subconsciente e continuarão influenciando o que sentimos e como reagimos ao longo da vida.
E sabe o que é melhor no perdão? É que quem nos ofendeu nem precisa pedir para ser perdoado.
Basta que se entenda que do mesmo modo que buscamos o perdão de Deus para nossas falhas, também devemos perdoar quem nos ofendeu.
Tem uma frase de Shakespeare que gosto muito: “A raiva é um veneno que bebemos esperando que os outros morram”. E tomo a liberdade de completá-la: “e o único antídoto para tal veneno é o perdão”.
Além de nos fazer um enorme bem, o perdão também alivia dor nas costas, pois nos tira o peso extra das mágoas que carregamos ao longo da vida.
Izaac Cavalcante é Bacharel em Teologia Ministerial pelo Instituto Bíblico Betel Brasileiro (PB) e
Bacharel em Teologia pela EST – Escola Superior de Teologia
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