O ser humano é competitivo por natureza e sente uma necessidade interior de subjugar seu semelhante, mostrando-lhe sua superioridade.
Infelizmente, essa faceta da natureza humana se manifesta com extrema regularidade nas disputadas protagonizadas por líderes mundiais, que gastam horas em reuniões com o objetivo de buscar a paz para os grandes conflitos de nossa era, mas que apresentam como solução o exato oposto.
Em nome da paz, promovem guerras, e em nome da ordem, matam pessoas que na maioria das vezes não têm relação direta com os conflitos.
A necessidade de disputar territórios, poder financeiro e político, entre outros, redunda – quase sempre – em milhares e milhares de mortos e refugiados mundo afora.
E, no final das contas, toda a motivação é apenas a necessidade de homens, que se acham superiores, de subjugar outros povos, mostrando-lhe força e usurpando seu direito até mesmo à vida.
Mas, aí chegam os Jogos Olímpicos e nos mostram que, sim, é possível disputar, competir, mostrar superioridade, força e ser recompensado por isso, sem que ninguém seja ferido, sem que nenhuma nação seja destruída, sem que crianças fiquem órfãs ou mulheres viúvas.
É extraordinário o exemplo positivo que os esportes, de maneira geral, nos dão.
São tantas as modalidades, individuais ou coletivas. E cada uma exige um tipo de habilidade específica, onde o potencial de cada um é colocado em disputa – uma luta justa e limpa – do qual o melhor, mais bem preparado, será sagrado vencedor. E ovacionado como tal.
Nenhuma guerra é capaz de garantir resultados tão satisfatórios para quem ganha e ainda manter a esperança de uma nova chance para quem perde.
Caso alguém ainda não saiba, os Jogos Olímpicos são um conjunto de competições esportivas, do qual participam atletas de diversas nacionalidades, reunidos a cada quatro anos, sempre em um ponto diferente do Globo. É o evento esportivo mais prestigiado do mundo e existe desde antes de Cristo, na Grécia Antiga. (As Olimpíadas da Era Moderna, como conhecemos hoje, contam com mais de um século).
O apóstolo Paulo, ainda no século I, fez um paralelo entre as Olimpíadas e a vida cristã.
Paulo era homem culto, que dominava bem a língua grega e também possuía conhecimento sobre a Grécia e seus costumes.
Inspirado em dois esportes olímpicos da época – a corrida e o pugilato – o apóstolo escreveu aos cristãos de Corinto, cidade portuária da Grécia: “Não sabeis que aqueles que correm no estádio, correm todos, mas um só ganha o prêmio? Correi, portanto, de maneira a consegui-lo. Os atletas se abstêm de tudo; eles, para ganhar uma coroa perecível, nós, porém, para ganhar uma coroa imperecível. Quanto a mim, é assim que corro, não como quem vai sem rumo. É assim que pratico o pugilato, mas não como quem luta contra o ar.” (1 Coríntios 9:24-26)
O mesmo Paulo também escreveu para seu discípulo Timóteo (também de origem grega). “Um atleta não recebe a coroa se não lutou conforme as regras”. (2 Timóteo 2:5).
Quando era prisioneiro em Roma, já velho, Paulo ainda faz alusão ao esporte para ilustrar a vida cristã: “Combati o bom combate, terminei a minha corrida”. (2 Timóteo 4: 7).
Pegando o mesmo gancho, lembro aos irmãos que nossa passagem pela terra se assemelha a uma arena, onde estamos numa olimpíada constante. Nesta arena, as habilidades especiais que precisamos ter para sermos vitoriosos são o amor, a fraternidade, a solidariedade, a justiça, a liberdade e a paz, pois “tudo que é verdadeiro, puro, amável, honroso, virtuoso ou que de qualquer modo mereça louvor”. (Fl 3:8).
Para encerrar, vou citar uma frase que gosto muito: em uma disputa não há perdedores, pois quem vence fica com o prêmio, e quem perde ganha o aprendizado.
A paz de Cristo a todos.