E Jesus disse-lhe: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mateus 22:37-39)
Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram; Romanos 12:15
E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mateus 24:12
Nos dias atuais um dos temas mais pregados e falados nas nossas igrejas e em conversas cotidianas é o amor, mas de forma banalizada, como se fosse apenas uma palavra e não uma prática, ordenada pelo próprio Cristo.
Os acontecimentos do nosso cotidiano, de forma geral, nos deixa insensíveis, mesmo diante de acontecimentos absurdos. Basta ver os noticiários policiais, que as notícias ruins, uma seguida de outra, não nos incomoda mais. De tanto receber esse tipo de informação, ficamos insensíveis a tanta violência e a tanta dor causada por ela.
Deus manda que primeiro devemos Amar a Ele, e em seguida devemos Amar ao nosso próximo. Mas, o interessante é que não é se esse próximo for “bonzinho”, for um cidadão de bem. Ele manda Amar, independente da índole dessa pessoa e essa pessoa não é só aquele familiar, parente, vizinho, amigo, irmão da mesma religião, etc.
O nosso próximo pode ser também o nosso inimigo, “pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?” (Mateus 5:46).
Na maioria das vezes, nos esquecemos disso e se alguém pisa em nossos calos, logo aparece o nosso verdadeiro eu. Afinal, quem gosta de levar desaforo para casa?
Quando sabemos que uma pessoa cometeu um ou vários crimes, desejamos a sua morte. E quando isso acontece, nos regozijamos, inconscientes ou não.
A verdade é aquela pessoa, por pior que seja, é também meu próximo. E quando Jesus Cristo manda amar, como a nós mesmo, isso significa que o bem que quero para mim, tenho que querer para ela também.
Difícil, não é?
Creio que nos achamos tão bons, que passamos a ser juízes e esquecemos que o mal que habita dentro de nós e que, se alimentarmos, ele cresce e floresce.
Certa vez chamaram Jesus e Ele, mesmo sendo Deus, deu o exemplo:
“E, colocando-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, indagou-lhe: “Bom Mestre! O que devo fazer para herdar a vida eterna?”. Replicou-lhe Jesus: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus!” (Marcos 10:17-18).
Quando uma pessoa deixa fluir o seu lado mau e começa a praticar verdadeiras atrocidades, logo se formam grandes torcidas, como se fosse uma partida de futebol. Assistimos a sua caçada como torcedores prontos para gritar “Gol”, tão logo ela seja abatida.
Esquecemos que aquela pessoa, por pior que tenha se tornado, ainda é um ser humano e, consequentemente, nosso próximo, a quem devemos amar.
Odiamos e alimentamos esse ódio, nos esquecemos que se trata de uma pessoa, que em algum momento da vida se perdeu.
Devemos sentir a dor da vítima. Mas isso é fácil. O difícil é sentir também que, apesar da brutalidade, o agressor também carrega dores e por isso precisa de nosso amor, que pode ser demonstrado através de oração.
Não é fácil, mas é necessário.
Não devemos nos tornar monstros, porque existem monstros.
Talvez por se multiplicar a iniquidade, o nosso amor congelou.
Devemos aquecer o nosso amor e isso só pode ser feito, colocando em prática os ensinamentos de nosso Mestre Jesus Cristo: amando os que nos aborrece e até mesmo nossos inimigos.
O amor também pode ser praticado por meio do perdão. Claro que sei que isso é um exercício difícil, porém é gratificante.
Devemos perdoar aquele que nos fez o mau e até o que fez o mau a pessoa que nem conhecemos. Devemos perdoar sempre, ainda que com dores.
Ora, não gostamos de nos apresentar como cristãos? Então, cristão é aquele que segue o exemplo de Cristo, que num gesto extremo de bondade, pediu ao Pai perdão para seus algozes, que não sabiam o que estavam fazendo.
Em resumo: se o mundo está povoado de pessoas más, se os noticiários nos apresentam casos e mais casos onde o pior do ser humano é exposto, mesmo assim não devemos jamais entender que é normal começar a odiar e desejar o mal dos outros. Pelo contrário, nossa oração diária deve ser sempre pedindo a Deus que nos encha de amor e da capacidade de perdoar.