Qualquer pessoa que lê a Bíblia, tirando dela a revelação do Espírito Santo, e medita sobre a história da Igreja (igreja como o povo de Deus, o povo que aceitou o sacrifício de Cristo e resolveu segui-lo), percebe facilmente que tem algo muito grave acontecendo nos dias de hoje.
Os líderes – ou pastores, como queiram – que têm como chamado, como missão primordial guiar a Igreja a ter uma vida aos pés de Deus, estão agindo em causa própria, levando o povo a defender suas causas, seus interesses pessoais. E ainda o convencem de que isso está correto.
Desde o início do cristianismo, a sociedade evoluiu e muitas regras de convivência foram modificadas. Hábitos, costumes e posturas que eram considerados errados para a sociedade, hoje são aceitáveis e até defendidos.
Mas, a pergunta que todo cristão deve se fazer, independente do que diz seu líder religioso, é: será que Deus mudou de opinião e voltou atrás naquilo que espera de nós? Ou foram os líderes que perderam o caminho e a noção de qual sua principal missão?
Muitos pastores têm se aproveitado da massa de liderados. Não estamos falando de líderes políticos, mas, sim, de líderes religiosos, de pastores que se envolvem com a política e passam a agir e exclusivamente como políticos (no sentido mais pejorativo que o termo “político” pode ter).
Esses pastores – temos relatos deles todos os dias nos noticiários, graças aos escândalos nos quais se envolvem – passam a enganar sistematicamente e de caso pensado os cristãos que se congregam debaixo do teto de suas igrejas.
Como são políticos travestidos de pastores, pensam apenas em si mesmos, em seus ambiciosos e seculares projetos pessoais, que vão beneficiar a si mesmo, à sua família e aos seus amigos mais próximos.
Quando alcançam o objetivo de poder (seja por meio de cargo eletivo, cargo público ou benefícios provenientes da relação estreita com políticos), esses pastores esquecem que têm um ministério e priorizam a ganância em detrimento da missão de conduzir o povo de Deus a uma vida no altar.
Muitos desses líderes estão tão cegos pela ganância e pelas vantagens pessoais, se esquecem dos ensinamentos do próprio Cristo e transformam em inimigos qualquer um que lhes chame a atenção.
São líderes que não admitem, mas se assemelham em postura e posicionamento a Caifás – aquele sumo-sacerdote que se juntou com outros líderes iguais a ele e induziu o povo da época a verem Jesus Cristo como inimigo e pedirem sua crucificação.
Ah, mas você pode pensar: mas Cristo não tinha que ser morto por crucificação para que as Escrituras se cumprissem?
Sim. Mas isso em nada isenta a culpa de seus conspiradores, que tiveram medo de perder o poder que tinham na época e não queriam que nada mudasse, mesmo que isso representasse dor e sofrimento para os outros.
Graças a maquinações e conspirações que em nada tinham a ver com a vontade de Deus ou com sua missão enquanto sumo-sacerdote, em uma semana conseguiram fazer de Jesus Cristo – que entrou em Jerusalém como a esperança – o inimigo mais odiado, preterido até mesmo por um bandido.
Jesus, como Deus Filho, onipresente, já admoestava: “Pode, porventura, um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco?” (Lucas 6:39).
Deus mandou seu Filho para dar vida aos pecadores, mas os construtores (os líderes religiosos) rejeitaram a principal pedra, a pedra angular (I Pedro 2:7-8).
Desde o Velho Testamento, a Bíblia está cheia de exemplos de falsos líderes, de líderes que perderam o caminho da retidão, que se deslumbraram com a autoridade dada por Deus e passaram a acreditar que o poder vinha de si próprios (ironicamente, muitos desses exemplos bíblicos são alvos de pregações de pastores que agem exatamente igual).
Hoje, muitos pastores também vestiram uma capa de arrogância, ignorando o que dizem a aqueles cristãos que lotam suas igrejas.
Novamente, agem como os líderes judeus, que certa vez disserem: “Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita” (João 7:49). Isso se referindo ao povo que testemunhou os milagres e ensinamentos de Cristo.
Como muitos hoje, eram líderes religiosos, mas completamente cegos espiritualmente e absolutamente surdos à Palavra de Deus.
Esses pastores, essas lideranças das igrejas, continuam crucificando Jesus, continuam dizendo que não acreditam em seus milagres, continuam desprezando Sua palavra de amor e perdão.
O mais grave desse cenário – que está ficando cada vez mais generalizado –, é que esses pastores arrogantes, cheios de soberba, que vivem de maneira nababesca, fazem questão de manter seus rebanhos cegos.
Mas, os cristãos também não são isentos de responsabilidade. Muitos temem seus líderes, não querem contrariá-los – mesmo que para obedecê-los, contrariem os ensinamentos do próprio Jesus.
Outros cristãos resolvem depositar na figura do pastor toda sua fé e confiança e não se preocupam em buscar por si próprio a Palavra de Deus. Jamais devemos confiar em homens quando estes se colocam acima da Bíblia.
Basta lembrar que mesmo que seu pastor falhe, cada um será julgado individualmente por Cristo quando chegar a hora (II Coríntios 5:10).
Amados, não estou querendo induzir ninguém a se rebelar contra seu líder. Mas você tem acesso à Palavra, você sabe o que Cristo nos ensinou. Não adianta tentar inventar novas interpretações. Suas lições são muito claras e de fácil compreensão. Se mesmo assim você tem dificuldade de entender, peça a Deus o dom do discernimento para identificar quem são os lobos disfarçados de ovelhas – e pastores.
Lembrem-se: seu compromisso, sua fé devem ser firmados em Cristo e não em nenhum homem, por mais santo que este pareça.
Afinal, pastores que usam seus rebanhos apenas para se beneficiar não é coisa nova. O profeta Isaías já disse: “E estes cães são gulosos, não se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte” (Isaías 56:11).
Cada cristão é responsável pela Igreja. Cada cristão deve ser firme na rocha eterna, sabendo que seu pastor está abaixo de Deus e que se ele ficou cego para conduzi-lo pelo caminho que leva até os céus, então cabe a você se manter firme nas promessas de Deus.
Quanto a esses líderes que estão nas igrejas, mas têm interesses absolutamente seculares, mesmo que tenham perdido a própria fé, prestaram contas a Deus, pois, como bem lembra o profeta Jeremias: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do Meu pasto, diz o Senhor” (Jeremias 23:1)
A paz de Cristo para vocês.