Em parecer, protocolado na terça-feira, 07, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, pede ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que o governador afastado Mauro Carlesse (PSL) continue longe do cargo.
O governador afastado, Mauro Carlesse, está sendo investigado pela Polícia Federal (PF), por ter sido beneficiado na campanha eleitoral em 2018 com dinheiro de propina do Plano de Saúde dos Servidores Públicos (Plansaúde). No início de outubro, o promotor eleitoral, Fábio Lang pediu o arquivamento do caso, alegando falta de provas. A decisão afirmava que, no pedido de reconsideração, o Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Geral da República (PGR), teria ressuscitado “linhas investigativas já examinadas, exauridas, superadas e arquivadas”.
Lindôra também afirma que o governador influenciou diretamente no arquivamento do processo na Justiça Eleitoral. A esposa de Lang trabalhava na Secretaria Executiva da Governadoria. “O fato, muito ao contrário de revelar inocência ou afastar o farto material probatório, demonstra nitidamente que Mauro Carlesse, que já havia cooptado toda a estrutura da Segurança Pública, buscava estender tentáculos para dentro do Ministério Público”, afirma.
No seu parecer, a subprocuradora-geral cita que Carlesse argumenta que os elementos do processo são inconsistentes, amparados em simples palavras de colaboradores e que os fatos investigados já foram analisados pela Justiça Eleitoral, que decidiu pelo arquivamento. “As investigações nesta Corte Superior buscam fatos praticados até os dias de hoje, desbordando de uma suposta atividade de financiamento de campanha. Em outras palavras, objetiva, subjetiva e temporalmente, são investigações completamente diferentes”, discordou o Ministério Público Federal.
A subprocuradora-geral também viu com estranheza o fato do juiz ter acolhido a manifestação dois dias depois do afastamento pelo STF.
O documento analisa as movimentações financeiras de Carlesse e outros réus levantadas nos inquéritos para justificar o parecer pelo indeferimento do recurso. “A farta movimentação de dinheiro em espécie e a contemporaneidade dos fatos são evidentes, justificando com tranquilidade as medidas cautelares deferidas”, defende a subprocuradora-geral. Em outro trecho, Lindôra Araújo chega a questionar a linha adotada pela defesa social liberal. “Na tentativa de afastar os elementos de convicção amealhados, traçou uma linha defensiva que, data venia, é praticamente uma confissão dos delitos investigados”, disse.
Lindôra afirma ainda que a linha de defesa adotada por Carlesse é “praticamente uma confissão”, já que ele teria admitido ter milhões de reais em espécie, sem apontar a origem deste dinheiro. Além disso, a manifestação traz novas acusações.