Inteligência Emocional. Essa expressão se tornou muito comum, da moda, quase banal. Há muito se fala em inteligência emocional. Falar sobre esse tema passou a ser quase que obrigatório.
Muitos perceberam que o assunto desperta a atenção, desperta o interesse do público, afinal, quem não quer ser inteligente emocionalmente?
Talvez por isso exista uma grande quantidade de livros (com boas vendas) e palestras (sempre lotadas) tratando da questão.
O interessante é que a maioria das pessoas que falam sobre inteligência emocional, sequer sabe do que estão falando ou têm ideia do que o termo quer realmente dizer.
Se fizermos uma enquete com pessoas nas ruas e perguntarmos se elas sabem o é que uma emoção, imagino que a maioria vai dizer que sim.
Mas, se pedirmos para que definam o que é uma emoção, salvo raríssimas exceções, essas mesmas pessoas não serão capazes de definir a palavra emoção.
Você pode estar pensando, enquanto lê, “emoção é o que eu sinto”.
Mas será que é mesmo?
Vamos lá. Imagine a seguinte situação: você está andando na rua de chinelo e leva uma topada – daquelas que até ateu chama por Deus.
Você sente a dor da topada? Sim. É uma emoção? Não.
Então, emoção não é o que você sente. Ou pelo menos, não somente isso.
Não tem como entender o que é inteligência emocional, sem entender o que é emoção.
Pedro Calabrez, doutor em Psiquiatria e Psicologia Médica, dá um exemplo extraordinário do que é emoção: você está na praia, num dia de sol maravilhoso e resolve dar um mergulho.
A água está perfeita e você segue no seu mergulho altamente relaxante, quando do nada, você ver a sombra de um tubarão.
O cérebro é um aparelho biocomputacional e quando ele registra a informação “tubarão”, é ativado um programa de ações que vai coordenar uma série de mudanças no seu corpo: boca fica seca, pupilas dilatadas, estômago para de produzir ácidos, intestino para de peristaltar (contrações involuntárias, que ocorrem nos músculos de certos órgãos ocos; ou seja, se intestino ou bexiga estiver cheio, vai se esvaziar).
O corpo também produz como reação à palavra “tubarão” a redistribuição do sangue, concentrando-o, por exemplo, nos grandes músculos mais essenciais naquele momento, como braços, pernas e costas.
Ordena às glândulas do seu corpo a produzir adrenalina e cortisol, e estes hormônios vão te permitir ter uma frequência cardíaca muito mais intensa, com um poder de reação muito maior.
Tudo isso acontece em menos de meio segundo.
Isso é emoção.
Não entendeu? Emoção é aquilo que faz com que esse programa computacional, que é enviado pelo nosso cérebro, promova uma relação direta com todo o nosso corpo, de maneira automática e involuntária.
A emoção é um jeito eficiente que o nosso corpo tem para nos fazer agir de maneira eficaz, sem perder tempo, sem ter que raciocinar. É absolutamente automático.
Agora já dá para entender – ou pelo menos tentar – o que é inteligência emocional.
Muitos definem inteligência emocional como capacidade de controlar suas emoções. Isso não existe. A não ser que você seja um psicopata, não tem como controlar as suas emoções. Pelo menos não diretamente.
Inteligência emocional é ser capaz de entender as suas próprias emoções e os seus processos emocionais.
Para tanto, é preciso se conhecer, saber identificar o que te faz bem, o que te faz mal, o que te irrita, o que te tira do sério e assim por diante.
Com essas informações, você é capaz de se antecipar à sua emoção, de controlar o seu processo emocional.
Imaginemos: uma pessoa muito agressiva, que “estoura” fácil, o famoso “pavio curto”. Imagine que essa pessoa está conduzindo uma reunião e sente que o assunto está indo para um caminho que ela sabe que vai “estourar”. Inteligência emocional seria interromper a reunião (cinco minutos para um cafezinho).
O processo emocional essa pessoa pode controlar. Ela vai voltar com a cabeça mais fria. Vai ter mais serenidade para lidar com a situação. Vai evitar o “estouro”.
A emoção, propriamente dita, (depois que estoura), não é possível controlar.
Em resumo: inteligência emocional é, basicamente, compreender como as suas emoções funcionam dentro de você – e das outras pessoas – e, de posse dessa compreensão, descobrir a melhor forma de agir em cada situação.
Vamos praticar?
Sadraque Nóbrega é Advogado, Publicitário e Coach
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