O Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta terça-feira, 8, traz reflexões a respeito dos direitos das mulheres, o que inclui a busca pela equidade de gênero, sobretudo no mercado de trabalho. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021, no Brasil, a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou pelo quinto ano seguido. Porém, elas seguem ganhando menos que os homens e ocupando, cada vez menos cargos gerenciais.

Apesar desses índices nacionais, o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) constata uma realidade diferente da média nacional. Um levantamento dos dados de gênero da Gerência de Recursos Humanos (RH) da autarquia mostra que dentre os 573 servidores ativos, 263 são mulheres, ou seja, 46% do quadro. Entre os cargos de liderança, 47% são ocupados por mulheres. O que contrasta com a média nacional que é de 37%.

Para a gerente do RH do Naturatins, Suzan Milhomem, tais números refletem que mulheres têm ganhado espaço nos últimos anos. “Olhando hoje para a estrutura do órgão, a gente vê que as mulheres realmente estão ganhando espaços no mercado de trabalho por uma questão de perfil mesmo. Hoje, a mulher puxou para si a responsabilidade, mesmo enfrentando cargas de jornada de trabalho dupla, afinal ela ainda desempenha os trabalhos domésticos. Então, quando ela sai da esfera doméstica e vai para o ambiente de trabalho, a gente vê que ela tem mais desenvoltura, uma facilidade maior e uma dedicação maior”, argumentou.

Já para a chefe da Assessoria Jurídica, a advogada Luana Wahlbrink, esses dados são o resultado das conquistas de direitos das mulheres. “Com certeza isso é uma conquista histórica, além de ser um reflexo de anos de luta pelos direitos das mulheres. É uma conquista para todo o gênero”, defendeu. Para Luana, esse recorte traz esperança de uma realidade mais igualitária. “O homem sempre teve seus direitos muito mais valorizados e abrangentes do que as mulheres. Então fazer parte dessa mudança, dessa nova estrutura, dentro de um órgão que é tão demandado como o Naturatins, traz a esperança que os dias vindouros manifestem mais essa equidade e mais justiça social para as mulheres”, pontuou a advogada.

As disparidades de gênero

Estruturalmente, os homens participam mais do mercado de trabalho do que as mulheres. As estatísticas do IBGE apontam que 54,4% das mulheres estão inseridas no trabalho formal, enquanto 73,7% dos homens estão empregados formalmente. Um relatório apresentado pelo Fórum Econômico Mundial mostra que a equidade de gênero no mercado de trabalho só se concretizará no ano de 2095 e a diferença das oportunidades de ascensão no mercado entre homens e mulheres gira em torno dos 69%.

Uma das condições que refletem esse cenário é que alguns cargos ainda são considerados típicos de serem ocupados por homens, como os serviços da área da Tecnologia de Informação (TI), é o que aponta a servidora que trabalha na TI do Naturatins, Giovanna Costa, que conta que na área da informática a presença de homens é massiva, enquanto que pouquíssimas mulheres seguem carreira nessa área. “Fiz o nível médio na escola técnica, na área de redes de computadores, e embora tivesse bastante meninas na turma, nenhuma seguiu carreira na área, só eu mesma. E dentro do quadro de professores, havia pouquíssimas mulheres e sempre que eu perguntava para elas com quantas mulheres se formaram, elas respondiam no máximo duas”, narrou.

Apesar desse cenário, Giovanna conta que se sentiu bem recebida no mercado de trabalho, mesmo que tenha que superar os desafios de ser uma mulher numa área considerada masculina. “Fui bem recebida no começo da minha carreira. Com o tempo a gente vai recebendo certos desafios, como comentários desnecessários e preconceituosos, porque é uma área desafiadora para nós mulheres”. No entanto, o fato de ser mulher numa área de TI também a faz se sentir acolhida. “A maioria das pessoas gostam muito do meu atendimento porque acha que a mulher tem mais acessibilidade para conversar e explicar. Aqui no Naturatins eu fui muito bem recebida, inclusive eu ouvia muito ‘nossa que legal uma mulher na área de TI’, e cheguei a escutar de uma servidora que ela era formada na área, mas que não exercia a função e ficou admirada em me ver aqui trabalhando na área. Então, vejo que de certa forma eu inspiro as mulheres “, relatou a técnica de computação.

Outras áreas de atuação também desafiam as mulheres. Luana aponta dificuldades de ser mulher na área jurídica. “Estar à frente de um setor como o jurídico, sendo mulher, é um desafio muito grande, ainda mais num órgão ambiental. Trabalhamos com a proteção da natureza, em um estado que gira, principalmente em torno do agronegócio, então há uma cultura muito forte em relação ao homem ser o centro desse tipo de atividade econômica, então é um grande desafio”. Mas, de acordo com a advogada, no Naturatins esse trabalho se torna mais fácil e acolhedor. “A nova gestão do Naturatins, com o presidente Renato Jayme e o vice Rafael Roque, dá muita abertura, tanto é que os novos cargos de gestão estão sendo desenvolvidos atualmente por mulheres. Apesar de um desafio é também um empoderamento”, finalizou a advogada.

Semana da Mulher

Com tema A mulher e o seu compromisso com o ambiente, a programação que celebra a data teve início nesta terça, 8. A abertura da semana contou com a presença do presidente Renato Jayme. A programação seguiu com palestra da professora de filosofia e advogada Ana Paula Leobas sobre o arquétipo feminino. A manhã foi finalizada com coffee break e sorteio de brindes.

Nesta quarta-feira, 9, terá sessão de fotos. Na quinta-feira, 10, oficina de reuso de embalagens de vidro e na sexta-feira, 11, a semana será encerrada com o Cine Mulher, com a exibição do filme As Sufragistas. Confira mais sobre a programação no link.