O SN10 Notícias fez dez perguntas à prefeita de Gurupi, Josi Nunes (PSL). Ela falou sobre os desafios de administrar a terceira maior cidade do Tocantins, com o agravante de vivermos em uma pandemia. A prefeita falou sobre as ações empreendidas para minimizar os efeitos negativos das medidas restritivas que precisaram ser adotadas para conter o avanço da Covid-19, das dívidas herdadas das gestões passadas e dos projetos importantes que já têm previsão de recursos, graças a parceria tanto com o Governo Federal quanto com o Governo do Estado.
1- Prefeita, além das vidas perdidas, quais os prejuízos que Gurupi acumula por causa da pandemia?
O grande prejuízo mesmo são as vidas perdidas. Nós tivemos no mês de março o maior número de mortes em Gurupi desde o início da pandemia, em março do ano passado. Outro grande prejuízo é um prejuízo social e um prejuízo econômico. As empresas de comércios estão fechando e isso está gerando desemprego. Esse desemprego por sua vez, gera uma série de problemas sociais, problemas de segurança. É uma cadeia, que tem dificultado nosso trabalho e prejudicado muito a sociedade como um todo em todo, não apenas em Gurupi, mas no Estado e no Brasil.
2- Projetos importantes para sua gestão precisaram ser adiados por causa da pandemia? A senhora se sente frustrada de alguma maneira por assumir a gestão da cidade num momento tão atípico?
Não, não tenho nenhuma frustração com relação a isso. Pelo contrário. Estou muito mais motivada porque é um grande desafio. Primeiro, gerir uma cidade já é um desafio dentro de um aspecto de normalidade. Dentro de uma pandemia esse desafio é maior ainda. Mas estamos enfrentando com muito compromisso, muita responsabilidade e é com muita transparência. Nós não estamos omitindo nada na nossa comunidade de Gurupi. Todos os fatos todos, todos os dados, todas as estatísticas que estamos colhendo estão sendo repassados para a comunidade, porque nós queremos fazer um trabalho com bastante transparência. Então não temos nenhuma frustração com relação a isso e conseguimos, apesar de não termos – no caso da pandemia – nenhum recurso federal desde o dia que eu assumi até agora, fazer muito mais do que outras gestões que receberam recursos para Covid-19. Temos que ressaltar sempre que a gestão passada conseguiu mais de R$ 6 milhões para convid-19. Por exemplo, em 1º de janeiro, nós recebemos a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com seis leitos para paciente com convid-19 e, sem nenhum recurso de covid-19, nós conseguimos aumentar a capacidade para 12 leitos. Nós conseguimos enfrentar todo o período de março, que foi um período muito crítico. Conseguimos salvar vidas mesmo sem a estrutura necessária. Conseguimos criar projetos que possibilitaram o melhor atendimento e testagem da nossa comunidade. Por exemplo, nós temos o Projeto Sentinela; temos o Décimo Sol Nascente, que fica aberto todo final de semana até às 22 horas; temos um projeto de fazer o hospital dia; conseguimos contratar mais médicos, mais profissionais para a UPA; conseguimos, em parceria com o Governo do Estado, ter todas as medicações necessárias, inclusive oxigênio. Então, nós estamos passamos por essa crise graças a essa parceria. Estamos conseguindo enfrentar a situação com muito mais sucesso do que prejuízos, exceto pelas mortes que nós tivemos.
3- Como está o calendário de vacinação em Gurupi e quantos por cento da população já foi imunizado? A Prefeitura compõe ou pretende compor algum consórcio para aquisição de vacinas?
E nós temos quase 12% por cento da nossa população vacinada e está previsto para esta semana a imunização de pessoas entre 60 e 63 anos, que a nossa próxima fase prevista no nosso calendário, bem como a segunda dose para os profissionais da saúde. O calendário de vacinação segue todo protocolo do Ministério e da Saúde
Nós estamos acompanhando a luta, tanto do consórcio nacional quanto do Governo estadual para adquirir as vacinas, mas tivemos uma negativa na semana passada, porque a previsão era conseguir a vacina Sputnik, que foi vetada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Avisa). E enquanto nós não consigamos a vacina diretamente, através do consórcio ou através do Governo do Estado, nós vamos seguindo todo calendário com as vacinas que vamos recebendo do Governo Federal.
4- A senhora disse que pretende fazer uma gestão participativa. E como a população pode participar das decisões do poder municipal, especialmente nesse período de distanciamento social?
Com a pandemia, nós tivemos que aprender uma nova forma de nos comunicar, uma nova forma de trabalhar, uma nova forma de conviver socialmente. Principalmente por causa do distanciamento social. A tecnologia veio foi um elemento fundamental em todas as nossas relações sociais, principalmente com relação ao trabalho. Então, a nossa gestão é uma gestão bastante participativa. Nós estamos utilizando os meios tecnológicos para isso. Nós temos uma ouvidoria que queremos incrementar para que a comunidade possa dar a sua sugestão, possa fazer a sua crítica, possa acompanhar, nos passar as suas necessidades mais próximas. E estamos mantendo contado da ouvidoria com todo o secretariado. Também temos as redes sociais, que é outro elemento fundamental de comunicação com a população. Quando há pontos positivos que a comunidade nos fala, nós reforçamos; quando são críticas negativas, nós estamos corrigindo. Então é uma gestão bastante participativa utilizando todos esses meios tecnológicos e as redes sociais.
5- A estrutura da saúde em Gurupi tem sido suficiente para atender os casos de Covid-19 e também demais casos corriqueiros que a saúde já vinha atendendo também antes da pandemia?
Já falei um pouco sobre o que fizemos com relação à pandemia e eu quero acrescentar mais um item: enquanto na gestão passada tinha apenas a UPA para atender os casos de convite e mais a policlínica, nós aumentamos para cinco pontos de atendimento de pacientes com covid-19. Com isso, nós aumentamos a estrutura física e as possibilidades de atendimento da covid-19, o que facilitou o atendimento à comunidade. Nós temos uma estrutura que precisa ser aumentada pela quantidade de habitantes em Gurupi. Nós precisamos, por exemplo, de mais profissionais. Nós precisamos ampliar as unidades básicas de saúde. Mas, por enquanto, nós vamos adequar e corrigir o que tiver que corrigir nas unidades que nós temos. Principalmente com relação à estrutura física. Nós estamos fazendo um levantamento das condições físicas das nossas unidades de saúde. Queremos nesse ano fazer essas correções necessárias, para que, a partir do ano que vem, nós possamos estar ampliando os atendimentos de acordo com a demanda.
6- Alguns setores, especialmente bares e restaurantes, eventos e hotelaria estão amargando prejuízos. Alguns estabelecimentos estão fechando as portas por causa da pandemia em todo o País. A Prefeitura tem algum plano para socorrer setores?
Nós estamos vivendo, na verdade, uma grande guerra e numa guerra a maioria acaba perdendo. Nós não temos só a categoria de bares e restaurantes com prejuízos. Nós temos toda uma cadeia de trabalho que foi impactada mais diretamente. Por exemplo, o setor de turismo, a cultura, os músicos, os artistas. Então é um grupo grande de pessoas, além dos bares e restaurantes. Mas, gradativamente, nós estamos, nos nossos decretos, fazendo uma flexibilização. Quais são as condições necessárias para enfrentar a pandemia? O distanciamento social o uso de máscara e higienização com álcool gel. E a vacinação. Nós só temos 12% nossa população vacinada. Então, nós temos aí um grande número de pessoas que não conseguiram ainda esse imunizante, que não é definitivo, mas é uma proteção maior. Enquanto nós não tivermos essa vacinação para todos, o distanciamento social é fundamental. Então, infelizmente, as atividades que promovem mais aglomerações serão, com certeza, mais impactadas. No campo da economia, nós tivemos algumas áreas que cresceram e outras que foram bastante prejudicadas. Mas à medida que o cenário vai melhorando, nós vamos melhorando também esses impactos. A cada decreto, nós estamos fazendo a flexibilização. Hoje (3 de maio), por exemplo, nós passamos de uma medida bastante restritiva em que fechamos praticamente tudo e, agora, adotamos uma medida mais flexível. Agora, por exemplo, os bares e restaurantes podem abrir até 22 horas. Nós temos aí o toque de recolher a partir das 23 horas e temos tido índices cada dia menores de casos de Convid-19 em nosso município. Se isso se mantém ou for diminuído, nós vamos flexibilizando o horário e possibilitando outras categorias estarem trabalhando. Isso é um processo progressivo. Infelizmente, nós não temos como flexibilizar totalmente, porque nós temos a responsabilidade, sim, com a preservação das vidas.
7- A Prefeitura tem o registro das famílias que estão tendo dificuldade para se alimentar durante a pandemia e que precisam de doações? Mesmo com a previsão da volta às aulas escalonada, muitos estudantes têm na escola pública sua garantia de alimentação. A Prefeitura está ajudando as famílias desses estudantes?
Além desses decretos de flexibilização, que vão possibilitando que cada dia que mais áreas possam voltar ao seu trabalho, nós também estamos fazendo todo o trabalho de uma rede social, por meio de nossa Secretaria de Assistência Social, comandada pelo nosso vice-prefeito Gleydson Nato Gleydson Nato, juntamente com a Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social, que tem como titular José Messias. Nós temos feito esse mapeamento e há uma distribuição de alimentos. Por exemplo, nós já distribuímos, por meio dessa parceria, alimentos para várias entidades, para igrejas e associações. E temos feito isso constantemente. Somente na semana passada foram distribuídas 1.656 cestas básicas. Então, é um trabalho que estamos fazendo de forma permanente. Agora, a Secretaria da Educação, como não está tendo aula, está trabalhando para que o recurso da merenda possa ser utilizado para adquirir kits para serem distribuídos as oito mil crianças que temos na rede municipal. É um trabalho de fortalecimento da economia. Além de tudo o que nós estamos fazendo, temos a Sala do Empreendedor na Prefeitura, que incentiva o empreendedorismo. Garantir a proteção às famílias com relação ao alimento e estimular a criatividade para desenvolverem meios de gerarem renda são atividades que temos feito para amenizar todo esse sofrimento.
8- No seu balanço de 100 dias de gestão a senhora apresentou um total de R$ 179 milhões em dívidas herdadas da gestão anterior. Seu antecessor contesta essa informação e diz que deixou as contas em dia. As dívidas realmente existem?
Tudo o que eu falei na minha prestação de contas pode ser comprovado com documentos, disponíveis para qualquer pessoa que desejar ver. O que significa a dívida de R$ 179 milhões? São dívidas que vêm ao longo do tempo e de algumas administrações. Mas são dívidas que recebi. Então, nós temos desses R$ 179 milhões, R$ 90 milhões é do Gurupi Prev, sistema de previdência dos nossos servidores; R$ 602 mil é de FGTS; R$ 38 milhões e 984 mil de renegociação com com INSS, Pasep e outros; temos também dívidas de financiamentos que foram realizados para obras de pavimentação e iluminação de Gurupi, na ordem de R$ 38 milhões e 262 mil. Quero chamar a atenção da comunidade para que se desejar pode vir e comprovar. É uma dívida. Pode não ser considerada uma grande dívida pela dimensão do Gurupi, mas é uma dívida que nós recebemos e que temos que cumprir. Nós estamos pagando todas essas dívidas aqui de forma escalonada. Está aberto para a comunidade poder vir à Prefeitura e comprovar esses dados.
9- A senhora disse que está tendo êxito em sua busca por recursos, tanto junto ao Governo Federal quanto ao Governo do Estado. Que recursos já estão garantidos para Gurupi?
Nosso trabalho é feito muito em parceria com o Governo do Estado e o Governo Federal. Do governo federal, nós temos previstos R$ 5 milhões para a Ceasa; R$ 12 milhões para uma Estação da Cidadania; R$ 15 milhões, que estamos tentando ampliar para R$ 18 milhões, para uma escola de tempo integral municipal; e temos R$ 24 milhões para realizar drenagem e pavimentação. Isso é o que já está previsto, já tem parte desse processo aqui todo empenhado e nós estamos em fase de construção de projetos para essas obras. Este ano eu estou correndo atrás de emendas e esta semana eu terei todos os valores específicos. Eu estive com todos os parlamentares e a maioria deles é se comprometeu a colocar emendas para o município de Gurupi. Eu visitei, por exemplo, a senadora Kátia Abreu, que fez um compromisso de colocar emenda para uma usina de asfalto. Nós já temos uma usina, mas é uma usina que usa aquela lama asfáltica e nós queremos uma desta para trabalhar com pavimentação mais resistente que concebeu então ela se propôs a colocar emenda para um caminhão e a usina nós tivemos co com concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ). O senador Irajá Abreu e solicitamos recursos para a reforma da UPA; tivemos com o deputado Ozires Damaso deixamos ali projetos na área da saúde (falta confirmar a sua contribuição); tivemos com o deputado Eli Borges e ele deve colocar aproximadamente R$ 1,5 milhão para a construção do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU); o deputado Carlos Gaguim e o senador Eduardo Gomes colocaram esses R$ 25 milhões para a drenagem e pavimentação que eu citei anteriormente e os R$ 15 milhões para escola de tempo integra. Os R$ 5 milhões da Ceasa e os R$ 12 milhões da Estação da Cidadania foram do senador Eduardo Gomes. O deputado Vicentinho se comprometeu com R$ 500 mil para construção de uma praça. E nós estamos ainda trabalhando com outros parlamentares para conseguir recursos para Gurupi. Ontem mesmo eu falei com o deputado Célio Moura e ele já garantiu que, através dos seus parceiros em Gurupi, vai colocar uma emenda para Gurupi. Então esta semana eu quero fazer um mapeamento desses recursos que vamos conseguir. Com relação ao Governo do Estado, nós temos um projeto muito grande, que é o Parque do Meio, que nós estamos em fase de desapropriação da área para fazer este parque e quem vai fazer a desapropriação é o Estado. Temos também um processo de fazer a rodoviária, através de uma parceria público privada. E uma parceria do Estado total com relação à saúde. Então esse é o início de um trabalho, mas com certeza teremos muito mais ao longo do nosso mandato.
10- Como a senhora acha que Gurupi vai estar pós-pandemia?
Olha, tanto Gurupi, como o Brasil e o mundo ainda vão ter anos de dificuldades, porque essa retomada não vai ser rápida. Mas, é preciso criar as bases necessárias para essa retomada. Então, eu vejo que conseguiremos voltar a uma nova normalidade. Nova normalidade por quê? Porque nós aprendemos também com essa pandemia. Hoje, o uso desses recursos tecnológicos faz parte da nossa vida social, do nosso trabalho. A pandemia mudou a forma do trabalho e intensificou a forma de se relacionar. Então, nós vamos continuar utilizando esses recursos. E vejo um retorno ao desenvolvimento econômico com mais empreendedorismo, com mais busca de capacitação. E vejo o retorno das aulas ainda este ano. Mas como já disse, fazendo um uso híbrido, tanto a aula presencial, quanto virtual. Então, são mudanças que nós aprendemos e que vamos incorporar no dia a dia para termos um novo normal.
Quero agradecer a oportunidade de estar tendo esta entrevista e dizer que estamos à inteira disposição e trabalhando muito. Sei que os problemas são grandes e que não conseguimos ainda resolver problemas básicos em Gurupi, como por exemplo, com relação à pavimentação. Além da questão da saúde, outro grande gargalo que nós estamos tendo é com relação à pavimentação. Nós temos uma rede de pavimentação no Centro da cidade muito antiga e temos uma rede nova, inaugurada no ano passado, mas sem resistência e, com as chuvas deste ano, muitos e muitos buracos se formaram. Não foi um processo gerado na nossa gestão, mas nós estamos colhendo frutos dessa falta de resistência da pavimentação nova e do envelhecimento da pavimentação mais antiga. Mas, gradativamente, iremos resolver, tanto essa questão da pavimentação como a questão da saúde, como o retorno às aulas e tantas e tantas outras ações importantes em Gurupi. Eu tenho dito que o nosso desejo não é fazer só muitas obras, mas que as obras sejam feitas com bastante eficiência. Que possamos ter menos, mas com mais qualidade, para que as futuras gestões possam enfrentar os seus desafios com mais tranquilidade segurança.